sábado, 29 de outubro de 2016

                                                   Dia do livro

      Aos quatorze anos tive meu primeiro contado com a literatura de Machado de Assis. Tínhamos que fazer um trabalho sobre literatura, nossa professora levou muitos livros e fez um sorteio. Eu fui contemplada para ler Dom Casmurro. Todos riram de mim pois achavam que eu tinha tido um azar danado! Todos achavam o livro de difícil compreensão, confesso que também fiquei preocupada. 
      Comecei a ler o livro, e eu que sempre gostei muito de ler, me deparei com uma obra que eu não sabia como definir. Fiquei apaixonada pelo livro, li duas vezes seguidas e a cada página, que já não era novidade, descobria novas coisas. Ele descrevia os lugares e situações que a mim me pareciam reais. O trabalho foi um sucesso tirei nota máxima, mas o que realmente ganhei foi a vontade de ler mais livros do autor. Perguntei para a professora quais eram os outros livros dele e ela me disse que eram muitos, fiquei mais encantada ainda, a medida que ela me emprestava um eu já estava querendo outro.
      Muitos anos depois já trabalhando como professora sempre busquei uma forma de incentivar meus alunos a lerem. Graças a Deus que nas duas escolas onde trabalhei a literatura sempre foi tratada como primordial para o desenvolvimento das crianças. O maior incentivo que eu podia dar para meus alunos era ler com eles, então antes de pedir que eles lessem algum livro, eu lia  para saber se estava adequado ao nível deles e consequentemente para conversarmos sobre as personagens, a história....
       Nessas leituras que fazia, descobri um livro que foi minha segunda paixão, A bolsa amarela. Quando li chorei! Eu dizia para meus alunos que aquela menininha do livro era eu, pois eu me identifiquei de imediato com a história, com o que a personagem fazia, sentia. E fui descobrindo também que até na literatura cada um sente de um jeito. O que eu senti lendo A bolsa amarela, meus alunos não sentiram, eles se identificavam com outro tipo de leitura e assim fui aprendendo a respeitar tantos gostos diferentes que tinha em minha sala de aula.
       Confesso que eu gostaria muito que quando eles crescessem gostassem  e admirassem a literatura de Machado de Assis. Hoje eu vejo que para gostar de ler basta ler a primeira vez. Minha mãe não podia comprar livros para eu ler, as prioridades eram outras, mas eu pedia emprestado, pegava na biblioteca da escola e assim eu sempre estava lendo algo. Minha irmã não entendia como eu conseguia passar horas lendo um livro. Ela não enxergava que em um livro podemos viver várias vidas e ir a muitos lugares.
        O Brasil tem grandes escritores, escolha um de sua preferência e leia para se divertir e aprender.
                                                                  
















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